5.5.12

Onde estás, Mãe?

Vieira da Silva

Defino geometrias na memória,
para reconstruir a casa onde nasci
e, apenas, a lenta urgência dos teus passos
ecoa dentro de mim, mãe.
O teu sorriso podia ser, agora, o prelúdio
de todas as sinfonias.
Adormeço no teu colo,
enquanto  as nuvens
se penduram nos meus punhos
e o anúncio de um grande amor
se insinua sobre a minha cabeça,
como um vórtice que me arrasta
para o centro de um maternal labirinto.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997