3.7.09

A mais clara palavra

Manuel Fazenda Lourenço


A mais clara palavra lança a sua sombra
sobre os muros caiados de fresco.
O reflexo da cal incide em nossos olhos:
o mesmo aceno da luz, o mesmo brilho,
o mesmo pressentimento de júbilo.
Sobre o peito fatigado da terra
refazemos a casa.
Dói-nos, no olhar, a intensa floração
das árvores e podemos sentir,
no clamor das antigas oliveiras,
o vento que nos trouxe.


Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005

54 comentários:

Paula Raposo disse...

Um poema muito bonito com uma fotografia também bela! Gostei. Beijinhos e bom fim de semana para ti, Graça.

Ricardo Silva Reis disse...

E eu que adoro o mar, olho para esta foto, leio este belissimo texto, e até apetece levar o meu mar até à entrada deste paraíso.
Obrigado pelas tuas palavras.
Beijinhos
Ricardo

dona tela disse...

Esta frescura até me faz esquecer os calores que alguém apanhou...

isabel mendes ferreira disse...

são tão de claridade as suas palavras Graça.


sempre um nó. doce de prazer. pela leiturA.



p.s.


(MUITO OBRIGADA. pela companhia. sempre)



beijo.

maré disse...

o aceno da luz
clave de todos os júbilos
de todos os princípios que intenficam a floração no peito da terra.

______
e eu a des articular as tuas palavras, atardo-me sempre mais da tua luz
.
um beijo, imenso minha amiga do coração.

teresa p. disse...

Poema pleno de claridade...
A fotografia é linda e traz-me grande saudade...
Beijo.

Laura Ferreira disse...

E eu gostei muito.
Senti o perfume das flores e da terra a saltar desta escrita.
Um beijo.

maría nefeli disse...

Ás vezes, doi a Primavera...mas sempre vem acompanhada de uma palavra...belo poema, como sempre.
Um beijo

José Ángel García Caballero disse...

conheço bem os campos de oliveiras, um vento sempre de lembranças é quem nos trouxe...
beijos

A.S. disse...

Graça...

às vezes sinto-me como se á minha frente se levantasse um muro, um muro espesso, monótono, árido, de cores negras, feito de esperas, desencontros, de sonhos e desejos por realizar. Não o vejo, mas esbarro com ele a cada passo.

Olho este teu muro, alvo na pureza do amanhecer... e sinto o meu muro ainda mais negro!

Beijos...

Pena disse...

Estimada Amiga:
A casa parece falar com encanto e delícia, neste fabuloso poema.
Lindo numa pessoa que "constrói" admiráveis poemas.
Brilhante. Notável de sentimentos poéticos.
Os muros caiados, a florestação sensível num jogo de poesia sensata e criativa.
Fascinante.
Beijinhos de apreço e amizade...

pena

Lindo poema.
Bem-Haja, poetiza amiga.

São disse...

As estevas entraram no poema ...e também em mim!

Feliz fim de semana.

hfm disse...

Por entre as palavras e a poesia uma aguarela pintando o tempo.

Texto-Al disse...

inconfundível:)

Tiago

Unknown disse...

"Sobre o peito fatigado da terra
refazemos a casa" com a claridade das palavras,

Gostei muito Graça, Um grande beijinho

Marta Vinhais disse...

O vento sabe quando precisamos de clareza e a clareza de tudo está em cada uma destas palavras..
Obrigada pela visita...
Até já
Beijos e abraços
Marta

Lou Vilela disse...

Uma luz que inundou minh'alma, Graça. Belíssima composição - imagem e poema!

Abraços,
Lou

Mofina disse...

O mesmo vento que nos há-de levar?...

Um grande beijo.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Encantamento , é a palavra exacta que os eus poemas me trazem !
beijo
_______ JRMARTO

Adriana Riess Karnal disse...

"refazemos a casa"...parece que ela transpira...entre a terra e o vento.lindo demais o poema.

Manuel Veiga disse...

reconfortante. o clamor das oliveiras.

de claridade solar. o teu belíssimo poema.

beijo

casa de passe disse...

o esplendor na relva !!!!


(LOULOU)

vieira calado disse...

Mas o quadro que nos trouxe o vento...

é idílico!

Bjs

luis lourenço disse...

Viva Graça!

A mais luminosa palavra com a frescura poética que é seu timbre...
Sempre gratificante ler seus poemas... E as suas imagens tão
claras no indizível da sua poesia!

beijinho,

Véu de Maya

Fernando Campanella disse...

Poema sensorial, a palavra como luz, a cal, o branco, o reflexo, a floração, as oliveiras, cor , aroma, o movimento dos ventos. O júbilo na renovação, os ciclos, a alegria primeira recuperada no poema: tempo de refazer a alma.
Belo poema, querida amiga. Bjos.

Isabel disse...

eu venho com o vento das páginas que guardo comigo. As suas.
que me prendem aos dias.





Um beijo imenso.


Ps. (e outro ao V.O.M.)

Isabel disse...

(piano)

:)

Celina Rodrigues disse...

E os cheiros? Deviam ser bons.

adouro-te disse...

Procurei a palavra mais clara...
Só encontrei a saudade!
Um beijo.

o Reverso disse...

um poema fresco como a sombra...


um poema muito bonito.

Celina Rodrigues disse...

E os cheiros? Como eram os cheiros?

Teresa Durães disse...

existe sempre essa sombra. mas os opostos dão-nos o conceito

Unknown disse...

Graça
Que te hei-de dizer sobre a cal, o sol, as oliveiras, a luz intensa, o arder do olhar, eu, que sou do sul, que nasci no sol, que sei da miscelanea da tragéia da luz e das sombras, a reconstrução das casas nas estevas dos cansaços, dos ares parados de Julho e de Agosto, o ar tórrido tremeluzindo, tremendo, imperceptivelmente sobre a pele, as miragens como se fosse no deserto, a espera das brisas, do amor, já me perdi, não importa, o teu poema já disse tudo, a vida e a morte que há nos reflexos da cal, a gente vence a luz intensa, a gente fica sem ver por causa da luz, mas levanta-se, recomeça, reconstroi, e está pronto no outro dia para o pó os caminhos.
Um beijo de vento suão. Um beijo terno de grande admiração por ti.

O Profeta disse...

Mas os golfinhos continuam felizes
A cavalgar ondas de madrepérola
A Lua sorri tristemente e pensa
Haverá alguém mais perverso do que ela?
Haverá?! Há sempre uma deusa perdida
Nos labirintos da contradição
Há sempre alguém que usa a palavra amor
Soprando doce veneno ao coração

Boa semana


Doce beijo

© Maria Manuel disse...

leio e sinto essa imensa claridade sobre a terra, as árvores, deixo-me ir com o vento...

beijo grande!

Licínia Quitério disse...

Palavra claríssima, a tua.

Tocante.

Beijo.

tecas disse...

Excelente texto ilustrado por bela foto.
Assim é querida Graça , ao olhar-mos as árvores, faz-nos doer.Como elas, florescemos e secamos.
Mas este poema...tem a frescura da palavra.
Adorei a simplicidade da comparação de duas naturezas.
Bji amigo

tchi disse...

Porque a árvore é palavra.

Abraço.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

como nos vai habituando, uma poesia limpa e pura.

gostei muito mesmo desta estrofe:

"Sobre o peito fatigado da terra
refazemos a casa"

deixo um beij

Nilson Barcelli disse...

Admiro a tua capacidade de síntese poética. Para além de outras particularidades dos teus excelentes poemas.
Este, em particular, respira felicidade. E isso, sabe bem a quem lê a tua poesia.
Bom fim de semana querida amiga.
Beijo.

Roberta disse...

Incrustado como uma jóia, o enigma da procedência. Lirismo e natureza, imersão em fundas águas, lavoura do abismo - que somos. Amei. :)

Isabel disse...

é aqui que fatigada de sede venho recolher-me sempre. na mais magnifica serenidade de quem pesa e mede a claridade da sabedoria.



o meu beijo G.



imf.

mariab disse...

luz naa tuas palavras. luz a rodos neste poema. belíssimo.
beijo

Pena disse...

Amiguinha:
Um poema sublime perante o seu sentir da natureza e que a "habita" com ternura.
Bela oliveira que encerra mistérios por abordar...
Que lindo é isto tudo aqui.
Majestoso perante a beleza de pureza e encanto.
VOCÊ fascina, delicia e deslumbra.
Beijinhos de majestoso respeito por tudo o que faz.
Excelente instante poético!
Com amizade e sempre a admirá-la

pena

OBRIGADO pela sua amizade de sonho.


Linda...

pin gente disse...

neste terreno o vento traz-nos sempre coisa boas.

gostei!
um beijo
luísa

Jaime A. disse...

Um poema quase "impressionista".
Parabéns!

dona tela disse...

Vamos a um brinde para molhar a palavra?

Tétis disse...

Olá Graça

Um poema muito belo em que ressaltam as sensações e estão presentes os sentidos.

Conseguimos "ver", "sentir", "cheirar", "ouvir"... quanto ao "sabor", se prestarmos atenção também aí o encontraremos...

Beijinhos.

PS: amiga, há um prémio no Farol, o "Premio Llacolén", que se destina a premiar grande mulheres como tu. Vai recolhê-lo, pois ficarei feliz de o ver aqui no teu blog.

Mar Arável disse...

Há sempre uma sombra na claridade

mas o vento

tem ciclos de marés

e entra pela casa da poesia

para repôr tudo na ordem

Boa memória

Bjs

Menina Marota disse...

Deixo um beijo de admiração... como se pode comentar o que admiramos sem reservas?


Beijo e boa semana :-)

Anónimo disse...

é bom saber que as palavras que outrora semeamos ainda dão flor, graça. um grande beijinho para si.

tecas disse...

O poema e a imagem, levou-me à minha infância. Comovida, fogem-me as palavras para um comentário à altura. Limito-me à palavra mais humilde que conheço: Obrigada querida Graça.
Bji amigo

Menina Marota disse...

Levei-o comigo para aqui...http://aguasdoverso.hi5.com/friend/group/4297126--17525641--Roteiro%2BPo%25C3%25A9tico...--A--topic-html
Grata pela partilha.

Beijinho e bom fim de semana

Parapeito disse...

e vou daqui com os olhos cheios de luz :)
Um abraço ****