8.2.07

Sem nenhuma razão



Sem nenhuma razão,
a denúncia de um farol,
devolve-me o vulto improvisado de um navio,
e adormeço embrulhada em canções sentimentais,
confundindo a infância com o amor,
como quem se encosta ao vento,
se afaga no escuro,
e se queima nos pormenores da vida.

De Conjugar afectos, 1997

1 comentário:

Anónimo disse...

ACORDAR
Nas primeiras palavras do dia
Ouvindo um pequeno chilrear,
Era uma pequena cotovia
Que brincava a esvoaçar.

No telhado da vizinha
Ouvia-se o seu cantar,
Era mesmo avezinha
Que me vinha acordar.

Depois se empoleirava
Junto da minha janela
Isso é que ela cantava
Contente estava ela.

Dava-lhe miolo de pão
Que sobrava do dia anterior
Ela tinha medo do papão
No chão miava eu seu redor.

Eram assim estas tardes de Outono
Na casa lá na minha terra
Com cheirinho no forno
Do assado vindo da serra.

LP-13-02-07
(Sua filha desapareceu...nada me diz.)