14.2.07

Repara




Li, no jornal, que as acácias incendiaram as ruas
e a manhã rebentou-me no peito. Deliberadamente.

Repara como se encheu de pássaros a árvore
que desenhaste no meu peito. Repara como,
lentamente, anulámos a distância das mãos
e equacionámos a linguagem do afecto na curva
dos braços. Repara como nos emocionamos com a vida
e, em segredo, nos olhamos sem qualquer pudor.
Repara.


Graça Pires
De Reino da lua, 2002

1 comentário:

Anónimo disse...

Encontrei este blog por acaso numa pesquisa de fotografias... adorei o texto.. muito bonito mesmo! Não podia deixar de comentar :)