28.2.07

Cúmplice do tempo

Amedeo Modigliani

Cúmplice do tempo, fixo no calendário
o instante de ser jovem e as minhas mãos
enchem-se de barcos, disponíveis
para viagens à terra prometida.
Se não fosse o excessivo luto
nas linhas do meu rosto,
viriam marinheiros de todos os portos,
oferecer-me o sextante e a bússola,
para que, em rotas a oriente da noite,
testemunhasse a dupla mendicidade

dos que sonham.
Sei, hoje, onde o mar adormece
descuidado: tão próximo da sombra
dos navios, que torna irremediável
o júbilo das ondas.

Graça Pires
De Reino da lua, 2002

2 comentários:

Anónimo disse...

Simples é a simplicidade da vida,
Nas ondas de um mar revolto
Querendo saltar para uma nova lida
Mas não fugindo nem ficar solto.
Tantas rotas tantas cumplicidades
Marinheiros de outros ventos
Nunca percas a mocidade
Rodam, rodopiando os cata-ventos
Pedinte de mãos cruas
Jamais essa (mendicidade)
Vagueio por estas ruas
Na calçada da minha cidade.
(LP)

Anónimo disse...

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