7.12.06

De forma ambígua

Alfred Gockel


De forma ambígua, avoluma-se no chão
a silhueta de uma sedução nunca relatada.
Fixo no espelho uma imagem múltipla de mim.
Comparo-me com quem sou.
Ensaio afectações, até à primordial aparência:
audaciosa, desnuda, porta vidrada
a todas as intimidades.
Através dos meus poros deslizam enigmas,
cujo fascínio não tem retorno.
Moro num nocturno simbolismo,
porque infrinjo todas as utopias
que me apontam signos luminosos.
É de noite que me sinto orfã de todas as mães.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

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