19.10.06

Não presto contas a ninguém


Peter Wileman



Não presto contas a ninguém. As frases, já velhas,
suspendem intrigas de circunstância. Com algas
plantadas à cintura para equivocar os navios,
assinalo no mapa o lugar onde o sol, ao nascer,
torna visível qualquer sinal de ausência. E vou por aí,
ao sabor do vento, com a lua a pique nos sentidos.
Aconteça o que acontecer, amor, protege a minha fuga
com o teu olhar. Um sonho não se toma sem luta.
Sabem-no as tuas mãos inquietas de ternura.


Graça Pires
De Uma certa forma de errância, 2003

1 comentário:

Alexandre Bonafim disse...

Querida Graça, suas marinhas são a revelação do próprio amor humano. Contemplar esse eu-lírico submerso nas álgas, no mar, é sentir nossa condição humana dilatar-se até o infinito.
Grande beijo do Alexandre Bonafim